Gasolina ï?½?ï?½ a comida do carro. <$BlogRSDURL$>

Gasolina ï?½?ï?½ a comida do carro.

quarta-feira, março 16, 2005

A insinuante saga das odaliscas maravilhosas.

xxvi.

Trudy era aquela que não acreditava no Grande Mandrake, e, por isso, não o via por aí andando de motocicleta, ou frigindo ovos, ou regando as plantas, ou parado com a mão na cintura, charmoso e sagaz, ouvindo certa garota pedir-lhe para que a ensine.
Então, Trudy não tinha quem a orientasse e sabia que os outros também não tinham. Sabia que todos interiorizavam o exterior e depois exteriorizam o interior. Hehe. Todos eram estúpidos. Todos eram bolinhas iguais que colidiam entre si. Todos estavam perdidos e todos eram feitos de células. E é aí que a coisa fica interessante. Para ela.
Trudy concluiu, depois de viver por apenas 15 anos, que todas as pessoas já foram um micróbio. Uma célula. Um zigoto. Ou algo do gênero. E que a medida da auto-estima de todas as pessoas é diretamente proporcional à intensidade com que as outras pessoas cultuam e punhetam esta célula. Mais um parágrafo que foi para a merda. Não era isso que Trudy pensava.
Trudy pensava o seguinte, e o fazia como subterfúgio enfrentar o caráter ameaçador impresso em certas pessoas. Querido, você, até outro dia, era um micróbio com potencial. Com potencial para tornar-se um grande monte de células cheias de si. Sua mamãe guardou esta célula com muito carinho dentro da vagina dela, e quando você saiu, já um tanto diferente de quando entrou, era um amontoado de células que ainda tinha potencial para tornar-se um amontoado de células feliz. Seus pais, em seguida, trataram de desenvolver o potencial deste amontoado chamado neném, fazendo-o acreditar que era algo importante. E quanto mais seu papai e sua mamãe disseram isso para você, mais você achou que era verdade. E aquela pequena porrinha cheia de potencial tornou-se uma grande gente com potencial para ser um lindo cadáver ou qualquer coisa do gênero. Portanto, Trudy, em meio a contradições e imprecisões terminológicas, acreditava que nenhum micróbio era digno, por mais potencial que tivesse, de se julgar melhor que os outros micróbios, e de achar que se havia desenvolvido completamente frente a seus iguais. Para Trudy, todos eram muito estúpidos.

posted by MAHONE, Juanita  # 12:32 AM



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