A insinuante saga das odaliscas maravilhosasxxv.
O Grande Mandrake vestia roupas vermelhas da mais fina estirpe. Apenas a escolha da cor e a camisa deixavam algo a se discutir, em termos do bom gosto aristocrático do qual descendia. Digo aristocrático porque, afinal, era ele o grande malabarista, e não ascendiam manés a este tipo de ocupação. Era preciso linhagem. Pelo menos, era o que havia composto Rudy até aquele momento.
Convém lembrar que os esquemas mentais são, via de regra, mutáveis e, em certo grau, mesmo evanescentes. Logo, Rudy estava credenciada a alterar muitas das configurações que havia arquitetado. Em certas ocasiões, Rudy imaginava o Grande Mandrake em situações corriqueiras e inócuas no tocante à mesa de bilhar. Visualizava-o rodando numa pequena motocicleta, com a cabeça retraída entre os ombros, como quem diz: tô escondido, tô escondido. Sabe, estilo motoboy. Zarpando em alta velocidade e fazendo a hell of a noise. A camisa translúcida farfalhava sob o paletó engomado. Supondo que se engomem paletós, não sei.
Quando estacionava, o Grande Mandrake era charmoso e muito menos sagaz do que eu esperaria, mas Rudy achava-o sagaz o suficiente. Rudy, nessas ocasiões, e eram ocasiões esporádicas, lembrava-se de dirigir-lhe as palavras: yoooouuu, teach me; yooouuu, teach me.
Trudy não imaginava que tamanha fantasia se projetava atrás dos olhos da irmã quando esta sibiliva entre dentes o tal do "you, teach me". Pensava, inclusive, fosse algo carnal ou até pornográfico, quem sabe.