Caminha sem pressa um homem, embora trovoe.
Em meio a carros parados.
Com as narinas abertas, como a buscar o ar espesso.
No automóvel, o garoto teme a chuva. Que vem. É certeza.
Anseia pela chuva. Antevê o barulho, embora o tema.
Quer ver água cair.
Que bom, pensa o garoto. Há tempos não sinto este cheiro. Cheiro de água grossa que está por vir.
Vê ao homem o garoto. Sem pressa.
Curioso este andar lento na iminência de um tremendo pé d'água.
Curioso este andar lento em meio a máquinas que vão daqui a ali em um minuto.
Seguro de que via, mas não do que via, o menino não se move.
É homem agora o menino. E continua o homem a caminhar sem pressa sob a chuva.
Homem, o menino acelera seu carro.