A Fábula do Tigre e a Salamandra
O Tigre caminhara léguas intermináveis em busca de um açude.
Sem encontrá-lo, deparou-se com uma pequena poça (leia-se pôça, por favor)
Cheio de sede, viu que nela nadava uma linda Salamandra.
Não exitou, abriu sua enorme boca e sorveu a poça toda, incluindo a pequena linda Salamandra.
Deitou-se então o Tigre para descansar da longa caminhada, agora satisfeita a sede.
Muito zangada, a pequena linda Salamandra carnívora decide devorar por dentro o Tigre.
Na primeira mordida, o Tigre, de cujo sono havia supostamente sido despertado, diz:
- Ora, Dona Salamandra, que estás a fazer?
- Pois não me comeste tu? Estou a comê-lo eu.
- Não a comi. Apenas bebi a água onde nadavas. Precisava. Morreria de sede.
Decidida a vingar-se, a pequena linda Salamandra revela:
- Quando o vi, já sabia que irías me engolir...
- Sim.
- Percebes que não tentei fugir...
- De fato, não tentaste, Dona Salamandra.
- Pois saiba agora que minha intenção desde o início foi devorá-lo.
- Ora, Dona Salamandra, se não a conhecesse de outros carnavais, acreditaria eu na sua intenção.
- Tu me conheces?
- Claro! E não me reconheces tu?
Atônita, a linda Salamandra vê entrar pela boca do temível tigre um charmoso calango, que entre risos revela:
- Era eu, boba! Fantasiado de tigre!